Respiração Oral na Criança
Quem
não conhece a Mônica, o Titi, personagens de estórias em quadrinho?
Esses "dentuços" podem ser até engraçadinhos nas historinhas, mas
na vida real dentes projetados são sinais freqüentes de respiração oral
O
número é significativo: 30% das crianças brasileiras respiram pela boca
e apresentam a chamada “síndrome da respiração bucal”'. Entre narinas
entupidas, voz nasalada, olheiras, hiperatividade, instala-se um
problema sério. Tão sério que hoje é classificado como Síndrome do
Respirador Oral e deve ser tratado assim que diagnosticado.
O
padrão correto de respiração é o nasal. A respiração oro-nasal ou oral
ocorre por obstrução de vias aéreas superiores (“carne esponjosa” no
nariz/aumento das adenóides, aumento de amígdalas, desvio de septo
nasal, alergias respiratórias) ou decorre de hábitos orais instalados -
como a sucção de dedos e uso prolongado de chupeta e/ou mamadeira,
deformando não só a arcada dentária mas toda a face que encontra-se em
crescimento e desenvolvimento.
A
criança respiradora oronasal ou oral apresenta uma face típica com boca
aberta, lábios ressecados e flácidos, protrusão dos dentes superiores
associados na maioria das vezes à assimetria facial, face alongada,
olheiras profundas, olhar sem expressão, halitose, alterações do sono,
ronco, apnéia (paradas respiratórias quando está dormindo), “baba”, fala
imprecisa, dificuldades escolares dentre outras características. É uma
criança inquieta, irritada, ansiosa, não consegue prestar atenção na
sala de aula pois tem muito sono decorrente do fato de não dormir bem.
Seu sono é agitado e entrecortado. Está sempre cansada. Pode apresentar
queixas
freqüentes de dor de ouvido, trocas de sons na fala e na escrita.
O
diagnóstico precoce é fundamental. O tratamento da respiração oronasal
ou oral envolve vários profissionais, sendo indispensáveis o
otorrinolaringologista, o dentista e o fonoaudiólogo. Ao primeiro
compete a reabilitação da forma e da função (tratamento medicamentoso
e/ou cirúrgico), ao segundo a reabilitação da forma dando condições a
melhores funções e, ao terceiro a reabilitação da postura e funções
orofaciais.
Quanto
mais cedo for realizado o diagnóstico e o tratamento, restabelecendo a
função respiratória nasal, melhor será o resultado pois a intervenção
precoce pode redirecionar o crescimento e desenvolvimento da face.
Dra. Milene Maria Bertolini |